terça-feira, 20 de março de 2012

A Árvore generosa

A árvore generosa






Era uma vez uma árvore… que amava um menino.



E todos os dias o menino vinha, juntava as suas folhas e com elas fazia coroas, imaginando ser o rei da floresta.



Subia o seu tronco, balançava-se nos seus ramos, comia as suas maçãs, brincavam às escondidas e quando ficava cansado, dormia à sua sombra.



O menino amava aquela árvore… como ninguém.



E a árvore era feliz.



Mas o tempo passou.



O menino cresceu.



E a árvore ficava muitas vezes sozinha.



Um dia o menino veio e a árvore disse-lhe:



— Anda, menino. Anda subir o meu tronco, balançar-te nos meus ramos, comer maçãs, brincar à minha sombra e ser feliz.



— Já sou muito crescido para brincar — disse o menino. — Quero comprar coisas e divertir-me. Quero dinheiro. Podes dar-me algum dinheiro?



— Desculpa — disse a árvore. — Eu não tenho dinheiro. Só tenho folhas e maçãs. Leva as minhas maçãs, menino. Vende-as na cidade. Então terás dinheiro e serás feliz.



E assim, o menino subiu o tronco, colheu as maçãs e levou-as.



E a árvore ficou feliz.



Mas o menino ficou longe da árvore durante muito tempo...



E a árvore ficou triste outra vez.



Até que um dia o menino regressou e a árvore, estremecendo de alegria, disse:



— Anda, menino. Anda subir o meu tronco, balançar-te nos meus ramos e ser feliz.



— Estou muito ocupado para subir a árvores — respondeu o menino. — Eu quero uma casa para viver. Quero uma mulher e filhos. Para isso preciso de uma casa. Podes dar-me uma casa?



— Eu não tenho casa — disse a árvore. — A floresta é o meu abrigo. Mas corta os meus ramos e constrói a tua casa. Então serás feliz.



O menino assim fez. Cortou os ramos e levou-os para construir uma casa.



E a árvore ficou feliz.



Mas, uma vez mais, o menino separou-se da árvore e quando voltou, a árvore sentiu-se tão feliz que mal conseguia falar.



— Anda, menino — sussurrou ela. — Anda brincar.



— Estou velho e triste demais para brincar — explicou o menino. — Quero um barco que me leve para bem longe daqui. Podes dar-me um barco?



— Corta o meu tronco e faz um barco — disse a árvore. — Assim poderás viajar para longe… E ser feliz.



O menino cortou o tronco, fez um barco e partiu.



E a árvore ficou feliz…



Mas não muito.



Muito tempo depois, o menino voltou novamente.



— Desculpa menino — disse a árvore. — Nada mais me resta para te dar. As maçãs já se foram.



— Os meus dentes são fracos demais para maçãs — explicou o menino.



— Já não tenho ramos — lamentou a árvore.



— Também já não tenho idade para me balançar em ramos — respondeu o menino.



— Não tenho tronco para subires — continuou a árvore.



— Estou muito cansado para isso — disse o menino.



— Desculpa — suspirou a árvore. — Gostava de ter algo para te oferecer... mas nada me resta. Sou apenas um velho toco. Desculpa...



— Já não preciso de muita coisa — acrescentou o menino. — Só um lugar sossegado onde me possa sentar e descansar. Sinto-me muito cansado.



— Pois bem — respondeu a árvore, endireitando-se o mais possível. — Um velho toco é óptimo para te sentares e descansar. Anda, menino. Senta-te. Senta-te e descansa.



E foi o que o menino fez.



E a árvore ficou feliz.



Shel Silverstein

A Árvore Generosa

1 comentário:

  1. É uma historia linda com uma grande mensagem e bastante comovente. É uma história para crianças que conheci há pouco tempo mas que passei a adorar!!! Fui lê-la às crianças do 1º ciclo.

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